Na data em que lembramos os 20 anos dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, tenho pelo menos duas obras instigantes para indicar aos leitores. A primeira já está devidamente adquirida, mas não recebi a encomenda a tempo de comentar seu valor jornalístico, embora venha com rasgados elogios da crítica. Trata-se de "O único avião no céu", do jornalista Garret M. Graff. O curioso título se refere ao fato de que o então presidente George W. Bush, que estava em um encontro com crianças em uma escola na Flórida, embarcou no Air Force One rumo a Washington tão logo soube dos atentados. Escoltado por caças militares, aquele foi o único avião a permanecer no ar naquela manhã, momentos após todo o espaço aéreo norte-americano ter sido fechado. Com base em relatos e entrevistas com bombeiros, sobreviventes, testemunhas e familiares de vítimas, Graff constrói uma narrativa que tem tudo para ser o "livro do ano".
Fórmula semelhante é adotada por Jim Dwyer e Kevin Flynn em 102 Minutos: a história inédita da luta pela vida nas Torres Gêmeas, editado em 2005. Este sim, é um notável relato jornalístico de reconstrução dos trágicos episódios que já tive a satisfação de ler e reler. Aqui, temos a história contada por aqueles que viveram os terríveis momentos desde que o primeiro avião se chocou contra a Torre Norte, às 8h46 minutos até sua queda, às 10h28 minutos. A Torre Sul, atingida 16 minutos após, mais precisamente às 9h02 minutos, caiu antes, às 9h59 minutos. A NetFlix também disponibilizou dois títulos recentemente que fazem referência aos episódios. O primeiro é Quanto Vale?, no qual o ator Michael Keaton faz o papel de um advogado encarregado de calcular indenizações para familiares das vítimas. O segundo é um documentário em quatro partes chamado Ponto de Virada.
Marco Zero
Sempre afirmo a meus amigos que a única forma de realmente "sentir" o que aconteceu naquele dia é visitar Nova York e ver o local dos atentados. Hoje, 20 anos depois, você pode subir até o observatório da Freedom Tower, construída em lugar das antigas torres. Apenas lá de cima é possível imaginar o que aconteceu. Ou, então, experimentar as sensações na parte térrea, ao olhar para cima e simplesmente imaginar aquelas duas estruturas gigantescas desabando em pleno espaço urbano. Muitos pensam que a Freedom Tower está erguida no lugar das Torres Gêmeas. Na verdade, o edifício fica a algumas dezenas de metros. No espaço dos prédios desabados existe uma fonte com os nomes de todas as vítimas. Vale também uma visita ao Museu do 11 de setembro, nas proximidades. É uma experiência emocionante.
Quem são os culpados?
Muitos esquerdistas que hoje policiam pensamentos de professores em redes sociais e os condenam por supostos "discursos de ódio", tiveram comportamentos absurdos nos dias e meses posteriores à tragédia. Ben Shapiro, em seu polêmico livro Lavagem Cerebral, apresenta um retrato de alguns destes disparates. Professores universitários, imediatamente, culparam os próprios Estados Unidos pelo 11 de Setembro, supostamente causado pelos fracassos da política externa ou da cultura de consumo que teria despertado a ira do Terceiro Mundo.
Muitos desses "mestres", inclusive no Brasil, sentiram alegria pela morte de 3 mil pessoas em Nova York e Washington. Outros chegaram a lamentar a iminente invasão do Afeganistão e o futuro sofrimento dos "pobres" talibãs sob o domínio americano. Os mesmos progressistas que se calam diante da recente retomada do poder pelos talibãs e da opressão infligida por estes fanáticos a mulheres e grupos minoritários. Tratando-se de um inimigo dos Estados Unidos, tudo é aceitável pela esquerda ressentida. Para pensadores conservadores, dentre os quais me incluo, não há relativismo moral, político ou cultural que justifique atos terroristas. É tudo bem mais simples: trata-se de um confronto entre civilização ocidental e a barbárie.
Pelo visto, 20 anos depois, ainda há muitas lições não aprendidas sobre o 11 de Setembro.
Texto: Rogério Koff
Professor universitário